domingo, 14 de outubro de 2012

Gêneros Literários da Antiguidade Clássica

"[...] Os gêneros não são espartilhos sufocantes nem moldes fixos, mas estruturas que a tradição milenar ensina serem básicas para a expressão do pensamento e de certas formas de ver a realidade circundante. Sua função é orientadora, guiadora e simplificadora.Moisés, Massaud. A criação literária. São Paulo: Melhoramentos, 1971. p.38.


Na literatura existem classificações dadas por semelhanças textuais ou temas, independente de sua época ao longo da história humana. Iniciou-se na Grécia Clássica a primeira manifestação dessas divisões, sendo conhecidas por serem: Líricas, Épicas ou Dramáticas. Vale ressaltar que nessa época todos os textos de ordem literária eram escritas em versos. Por isso, poucos anos depois, adicionara o gênero Narrativo o qual não será comentado nessa postagem.

De maneira mais geral, tais manifestações dividiam-se, na visão de Aristóteles, entre a palavra representada, narrada e cantada. O cântico era composto pelo gênero lírico, enquanto a narração era sobre feitos heroicos, narrações dos grandes fatos ocorridos na vida de um herói. Já a tragédia ou a comédia eram representações, logo a palavra representada eram textos destinado às artes cênicas.

1) Gênero Lírico - âmbito da escrita onde o envolvimento emocional descreve como aquela pessoa é. Baseia-se nas emoções íntimas com uma escrita bem ritmada, formando, muitas vezes, músicas, daí a intenção aristotélica em indagar ser o lirismo uma canção. Naquela época, as melodias desse gênero eram tocadas ao som da lira, pois diziam ser este o instrumento divino o qual tocavam as pessoas intimamente, despertando emoções.


Na poesia lírica, todo sentimento da letra, cantado na música, era expresso pelo chamado eu-lírico. O eu-lírico era a voz do poema, que tinha o poder de transformar quem cantava (o poeta) no eu-poético. Valendo salientar que são pessoas distintas no momento da melodia. O eu-poético é uma espécie de simulação, um personagem inventado pelo poeta, a fim de falar daquelas emoções e repassá-las para quem ouve.

Estrutura:
- Subjetivismo é o cerne da poesia lírica, porquanto sem ela, não haveria como adentrar nos sentimentos alheios, e tocá-los.
- Sempre na primeira pessoa, estando no tempo presente do presente.
- É composto pela métrica, rima e refrão.

Observação: a métrica é a medida do verso, contando pelo número de sílabas poéticas, porém nem sempre essas sílabas correspondem ao português. Ela depende exclusivamente das emissões de voz e suas tonicidades. Enquanto o refrão (chamado também de estribilho) é o agrupamento dos versos que  deseja-se repetir, fazendo-o no final. Atualmente bem conhecido nas músicas. Já a rima é marcado pelo ritmo. É a repetição da última sílaba com palavras diferentes. Exemplo: maio, papagaio, raio.

2) Gênero Épico - chamado também de epopeia, contava-se a história de um herói, sendo ele mais superior do que os outros homens, o qual comumente tinha algum dom (como força ou habilidades) e era ligado de alguma maneira com os deuses da época. Muitas das histórias continham as façanhas guerreiras.



Estrutura:
- Comumente um narrador-observador, onde a distância entre quem conta e o herói é grande.
- Narração de algo passado, que já aconteceu.
- Sempre em terceira pessoa.
- Tem o dever de apresentar-se em cantos, cuja divisão se dá pela introdução, invocação, narração e epílogo. Epílogo é sempre o fim da trama, narração é a própria história, invocação era o ato de pedir proteção, invocando algum Deus e a introdução era o resumo da trama (estilo sinopse atualmente).

Observação: Invocação às musas inspiradoras gregas (Deusas, ninfas, etc.) era mais comum do que aos outros deuses, perdurando isso também nos pilares do arcadismo.

3) Gênero Dramático - Originada a ideia nas festas em homenagem ao deus Dionísio, o gênero de representatividade iniciou-se com tragédias e comédias para o deus do vinho. Sempre gira em torno de um personagem principal e seus coadjuvantes contra o antagonista. Além de um contador da história, uma espécie de narrador onisciente, chamado coro.



TRAGÉDIAS - Além de possuir um desfecho sempre com mortes, ele tem um caráter mais sério, abrangendo temáticas cheias de desgraça para a classe nobre, onde os deuses castigam essas pessoas, fazendo-os sofrer até o fim.

COMÉDIAS - Com temáticas ligadas aos defeitos da humanidade, satirizando-os, a comédia possui um caráter de ironia, chegando ao ponto do ridículo. Sua maneira de escrita foge ao formal, tendo uma linguagem mais coloquial, enquanto sempre existe um final feliz. As personagens participantes são as mais baixas possíveis ou até mesmo com sinais de pobreza e paixão.

Estrutura:
Texto, obrigatoriamente, em forma de diálogos. Essas conversações são divididas em cenas diferenciadas o qual podem ser chamadas de atos.
- Em toda a trama existe uma sequenciação, muitas vezes parecida com o gênero narrativo atual, todavia com alguns nomes diferentes. Tais são: exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho, respectivamente.
- Pessoas, artistas, representando o texto verbalmente como se eles fossem os personagens de maneira real. Interpretam os acontecimentos escritos e o repassam com sentimento.
- Explicita, de maneira descritiva, todo o ambiente em que se encontra os personagens, anteriormente a cada ato.


Curiosidades:

1) O nome lírico vem do instrumento lira, afinal os poemas eram cantados com o auxílio musical do instrumento mais tocado da época.

2) Já se existia naquela época outras formatos de métrica. Os Decassílabos, as Redondilhas e os Alexandrinos são outros exemplos de poesia lírica.

3) No teatro existe uma função catártica, ou seja, ela possui um meio de apaziguar as emoções em desalinho das pessoas o qual assistiam. Os indivíduos que assistiam se sentiam melhores quando assistiam à peça.

4) A narrativa de ficção, tida durante o Romantismo, é uma nova ótica do gênero épico. Tal ganhou novo estilo graças às mudanças do público leitor.

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